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DIÁRIO DE BORDO


Na viagem para o Chile, estivemos hospedados em duas cidades: Santiago e Puerto Varas (no sul do país). Como queríamos aproveitar para conhecer o máximo de lugares, e consideramos que tínhamos 6 dias de hospedagem em Santiago, resolvemos pesquisar alguns passeios próximos à capital, mas que não envolvessem trilhas ou dificuldade de acesso (quem viaja com criança vai entender bem o motivo). São muitas as opções, como Cajon del Maipo, Valle Nevado, Portillo, Valparaiso, Vinã del Mar entre outros.

Valparaíso e Vinã del Mar são as principais cidades do litoral chileno central e estão a cerca de 130 km de Santiago, além de serem muito próximas uma da outra. Por se tratar de cidades, com infraestrutura para almoço, por exemplo, foi a nossa escolha como “passeio nos arredores de Santiago” (li que nos demais passeios, na maioria das vezes, as refeições são apenas lanches ou picnic, algo que não combina muito bem com uma criança de 4 anos).

Optamos por fazer um passeio privativo, até pelo receio de aglomerações. Outro ponto foi o fato de que estávamos com uma criança pequena. Teríamos que deixar o hotel muito cedo caso fôssemos em grupo, já que normalmente é necessário passar em mais de um hotel para buscar outros viajantes.

Uma outra opção era alugar um veículo em Santiago, mas até pelo fato de fazer um passeio ‘bate volta”, acredito que não conseguiríamos ver tudo o que vimos se fôssemos por conta, afinal, os guias tem todos os macetes e conhecem todos os pontos do passeio.

O trajeto durou cerca de 1:30h. Fizemos uma parada rápida em um posto em Casablanca, o Rio Tinto Casablanca. Tem restaurante, banheiros, lojinhas com muitas opções de vinhos e, do lado de fora, um brinquedo para crianças (tive que fingir que não vi porque estava muito frio e a Luisa ia querer brincar a todo custo). Para quem for alugar um carro e dirigir nesse trajeto, atenção ao grande tráfego de caminhões.

Muitas opções de vinhos na parada que fizemos em Rio Tinto Casablanca

Achei bem interessante observar a mudança da vegetação ao longo do caminho. À medida que se afasta da capital, a vegetação típica de ambiente mais árido, vai se tornando mais verde.

A primeira cidade que visitamos foi Valparaíso, uma cidade portuária do século XVI, repleta de morros. Embora Santiago seja a capital, é em Valparaíso que está localizado o Congresso Chileno. O guia nos contou que muitas áreas em Valparaíso eram, na verdade, fundo do oceano e que após um processo de aterramento, tornou-se possível a construção de prédios e casas.

Por ser uma cidade muito antiga, é cheia de construções históricas e repleta de cores, pois segundo conta-se, Valparaíso era uma cidade pobre, de pescadores que, constantemente, precisavam fazer reparos nos barcos. À medida que sobrava, por exemplo, tinta usada na reforma do barco, eles aproveitavam e iam pintando partes da casa, e as casas foram se transformando em uma verdadeira aquarela.

Casa coloridas no Cerro Conceição

Outro ponto de destaque na cidade são os grafismos, principalmente nos morros. É impossível ficar indiferente e não querer fotografar tudo!

As cores tomam conta das paredes e escadas nos morros

Subimos os morros a partir do tradicional “Camino Cintura”, passamos em frente a Casa Museu de Pablo Neruda (uma das três casas dele, chamada La Sebastiana. Possui um formato que se assemelha a um barco, mas estava fechada por causa da pandemia), passamos pelo Cerro Alegre (o nome dado devido ao colorido das casas) e seguimos para o Cerro Conceição, onde fizemos uma parada.

Vista do Paseo Atkinson

Além do colorido que cobre a fachada das casas nos morros de Valparaíso, outro destaque fica por conta do material usado no acabamento das casas: a chapas de zinco, proveniente de antigos containers.

 

Em vinho, uma casa revestida com chapa de zinco

Caminhamos do Paseo Atkinsom até o Paseo Gervasoni, onde está o elevador mais antigo de Valparaíso, de 1883. Os elevadores facilitam o deslocamento entre os diferentes níveis da cidade. Nesse ponto é possível ter uma bela vista do porto de Valparaiso.

Vista do Porto de Valparaiso

Descendo do Morro Conceição, chegamos à Plaza Sotomayor, onde está o centro histórico de Valparaíso. Toda essa região se formou através do aterramento do mar. Essa prática, além de permitir o “ganho” de terra, permite que navios de maior calado (profundidade) possam se aproximar. Na região da Plaza Sotomayor, destacam-se o Monumento aos Heróis de Iquique, e o lindo prédio da Armada do Chile.

Prédio da Armada do Chile

Depois seguimos para Viña del Mar, uma charmosa cidade litorânea do século XVIII. Apenas dez minutos separam as duas cidades, e é impressionante a diferença arquitetônica entre as cidades. Vinã del Mar é mais moderna, com casas inspiradas no estilo europeu, e construções com castelos. Possui uma melhor infraestrutura turística como hotéis e cassinos, e é um dos principais balneários chilenos.

Logo na entrada tem um lindo relógio de flores, lembrança da Copa do Mundo de 1962 e seguindo pela avenida Marina está o Castillo del Mar, um castelo dentro do qual funciona um restaurante. Esse foi o local onde fizemos uma pausa no passeio para almoçar.

A reserva foi feita pela empresa que organizou nosso tour. Sentamos em uma mesa próxima à janela, com uma vista linda. Nada mal apreciar os pratos, acompanhados de um bom vinho e essa vista né?

Restaurante Castillo del Mar

Após o almoço subimos em uma das torres (preparem-se para degraus curtos, e escada caracol, caso queiram apreciar a vista do alto da torre). A vista é bonita, mas como o castelo não está tão alto, não é possível ver muito da cidade.

Curtindo a vista (e o vento) de uma das torres do restaurante Castillo del Mar

Saímos do castelo, passamos em frente aos cassinos e seguimos para a orla, nosso guia nos deixou para que pudéssemos caminhar um pouco. Além de aparelhos para as pessoas se exercitarem, vários playgrounds para crianças de todas as idades estão instalados ao longo das praias. Luisa ficou enlouquecida, com tantos brinquedos diferentes, especialmente alguns com cordas e outros que pareciam um circuito de atividades. Foi ótimo para gastar a energia, garantindo uma retorno à Santiago em sono profundo.

Área de um dos Playground na orla de Viña del Mar

Após a caminhada, encontramos o guia um pouco à frente, no estacionamento, e seguimos para a última parada antes do retorno à capital. Fomos ver de perto um legítimo totem trazido da Ilha de Páscoa.

Esses totens, ou moais, são famosas estátuas localizadas na Ilha de Páscoa, que está a 3700 km a oeste do Chile. Lá estão mais de 850 estátuas (moais0, que medem de 4 a 6 metros de comprimento, podendo pesar até 25 toneladas. Foram construídas a partir de rochas vulcânicas pelo povo nativo da ilha.

Legítimo Moai em frente ao Museu Fonk

Em Viña del Mar está um moai Del Ahu One Makiho original, com 2,9m de altura. Foi trazido em 1951.

O totem está localizado em frente ao Museu Fonk, onde é possível conhecer um pouco sobre a história do povo da ilha, bem como objetos arqueológicos. Aproveitamos as lindas cores do outono para algumas fotos e seguimos de volta para Santiago.

Aproveitando as cores do outono para uma foto (minha estação do ano preferida!)

DA PRÓXIMA VEZ…


Acho que em uma próxima viagem, arriscaria dirigir de Santiago até Viña del Mar e ficaria por lá para explorar a região. Tem museus que valem a pena serem visitados nas duas cidades, e investir em paradas mais demoradas para apreciar algumas paisagens que, na correria de um tour de 1 dia, muitas vezes deixamos de observar em detalhes.

Embora Valparaíso e Viña del Mar sejam destinos mais comumente considerados como um “passeio bate e volta”, eu acredito que valha a pena fica uns 2 ou 3 dias na região. Optaria por ficar em Viña del Mar (achei mais bonita e possui uma melhor infraestrutura turística), mas ciente que a usaria de base para passar pelo menos um dia inteiro me perdendo entre os cerros de Valparaíso.

Outra atração que incluiria em uma próxima visita seria a visita aos castelos de Viña del Mar, Castillo Wulff, Castillo Ross e Castillo Brunet. Também arriscaria algumas moedas em algum cassino, quem sabe a viagem não se paga né?!?

ECONOMIZE TEMPO E DINHEIRO


Sempre sou adepta de reservar restaurantes e garantir os tickets para museus e atrações de interesse. Acredito que depois da pandemia, o hábito de reservar as atrações poderá permanecer para sempre, já que dessa forma, os estabelecimentos conseguem se programar para a quantidade de visitantes. Os viajantes precisarão reaprender a viajar e incorporar alguns hábitos, como o planejamento prévio dos passeios, incluindo o agendamento das atrações.

Especificamente nesse “bate volta” entre Santiago e as cidades litorâneas, apenas tivemos a experiência de ter o restaurante agendado (algo que por sinal foi providenciado pela empresa que nos vendeu o passeio, a Full Tour), e foi mais tranquilo saber que tínhamos nossa mesa e o horário estabelecido para o almoço.

A dica que eu poderia dar na questão de economia diz respeito à troca de moedas. A moeda brasileira é mais valorizada que o peso chileno. Antigamente, era comum levarmos dólar para as viagens, e trocar pela moeda local no destino. No Chile optamos por levar real e conseguimos trocar em Santiago. Muitas casas de câmbio trocam real por peso. Trocar real por dólar no Brasil, para posteriormente trocar por peso no Chile não é uma boa ideia. Quanto mais trocas de moeda você fizer, mais dinheiro vai perder. Minha dica é: leve real para trocar no destino e fuja do cartão de crédito, pois você pode ter uma surpresa no fechamento da sua fatura, tanto em função da flutuação do dólar, quanto devido aos impostos que pagamos (IOF).

NOTAS DE VIAGENS


Sobre Valparaíso e Viña del Mar:

Valparaíso, uma cidade repleta de cerros (morros) e casinhas coloridas. A princípio pode parecer “feia” para quem quer apreciar a cidade debaixo, mas permita-se explorar os morros e certamente encontrará lindas surpresas e paisagens entre os coloridos dos grafites que enfeitam das paredes às escadas.

Viña del Mar, um balnerário com um toque mais sofisticado, ruas com canteiros bem cuidados e floridos, e uma deliciosa orla para caminhar. Possui prédios modernos e boa infraestrutura hoteleira e gastronômica, com praias de área branca, banhada pelo oceano Pacífico. (não se anime muito, a corrente de Humboldt, que vem da Antártica, subindo por quase todo o litoral chileno, faz com que a água seja bem gelada!)

Não deixe de ver:

m Valparaíso, Cerro Alegre e Cerro Conceição, juntamente com a Plaza Sotomayor e o lindo prédio da Armada do Chile.

Não fui porque estava fechado, mas recomendo visitar a Casa Museu Pablo Neruda (Casa La Sebastiana).

Em Viña del Mar visite o relógio de flores e o Museu Fonck, e, claro, não deixe de apreciar um Moai original da Ilha de Páscoa na frente do museu. Tem também alguns Castelos, como Castillo Wulff, Castillo Ross e Castillo Brunet, e aventure-se no Casino de Viña del Mar, o cassino mais antigo do país.

Somando Coordenadas recomenda:

  • Restaurante Castillo del Mar: Av. Marina 50, Viña del Mar, Chile (-33.02066103824708, -71.5651909306964)

Compras:

Essa não foi uma viagem de muitas compras, mas no caminho entre Santiago e Valparaíso, existem algumas vinícolas, além de postos onde se pode encontrar azeites e souvenires.

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