Em 2011 fiz uma viagem de 15 dias pelo Peru, passando por diversas cidades, como Lima, Paracas, Cuzco, Puno, Arequipa, Águas Calientes e, claro, Machu Picchu. Ao longo desses 15 dias me deixei envolver pelas cores das vestimentas, pela presença das Lhamas dispersas nas paisagens, e, principalmente, pelos aromas e sabores locais.
Ainda em Lima, na companhia de uma colega de trabalho Peruana, caminhando pela Alameda Chabuca Granda, onde, segundo ela, os moradores da cidade se reúnem aos sábados para comer doces e assistir apresentações de músicas, experimentei um Vaso de Mazamorra Morada, uma sobremesa feita a partir da Chicha Morada. Uma espécie de mingau de Chicha Morada com frutas, adoçado com açúcar e canela polvilhada.
A Chicha Morada é uma bebida originária da região Andina feita a partir do milho culli ou ckolli, uma variedade peruana conhecida como milho roxo. Alías, fiquei absolutamente doida na variedade de milhos cultivados no Peru. Mais de 50!
Foi em Lima também que comi o famoso Ceviche pela primeira vez, no Restaurante Tanta. O Ceviche Peruano, talvez seja, o prato peruano mais conhecido pelo mundo. O prato consiste em peixe cru, cebolas, pimenta, milho e outros ingredientes (que podem variar bastante), tudo cozido no caldo de limão.
A culinária peruana possui muitos pratos que levam batatas e milho como acompanhamento. A Causa Limeña também é um típico prato da região. Há quem diga que as “causas” são uma variação do escondidinhos, pois são feitas com purê de batatas que se revezam com camadas de carne, frango ou peixe, e legumes.
E se você quer uma “comida de rua” peruana, que tal um Anticuchos. Nada mais são que espetinhos de “carne”, só que a carne em si, é coração de boi fatiado. São vendidos por ambulantes e também em restaurantes, onde geralmente são acompanhados por um molho de pimenta e batatas.
Também provei o Ají de gallina, um prato com frango desfiado e molho Ají (um molho picante feito com ingredientes andinos), acompanhado de arroz, batatas, ovos cozidos e azeitona preta.
Seguindo viagem um pouco mais ao sul de Lima, cheguei em Paracas, onde fiz o sobrevoo para ver as linhas de Nazca. Paracas é uma cidade litorânea, e possui uma orla com hotéis e resorts de luxo. Lá descobri que o milho também é servido como uma espécie de aperitivo, frito, sequinho e salgado. Bem diferente. Encontrei alguns snacks industrializados nos supermercados e aproveitei para trazer para a família no Brasil. Disseram que é ótimo combinando com uma boa cerveja, mas infelizmente sobre esse assunto não posso opinar. Faço parte da turma que aprecia um bom vinho.
Antes de deixar o hotel e seguir para Arequipa, almocei no hotel mesmo. Uma pasta ao pesto com camarões (até aí, nada muito diferente). O destaque ficou por conta da sobremesa. (ou postres, em espanhol): Mousse de chirimoya, Volcán de chocolate e Suspiro a la limeña. A Chirimoya é uma fruta originária dos Andes, da mesma família da graviola, pinha e atemoia. Ah, antes que me perguntem, todos os quilos ganhados nessa viagem ficaram por lá mesmo, com as longas caminhadas pelos sítios arqueológicos e os terrenos irregulares.
Em Arequipa, a primeira cidade que cheguei a mais de 2000 m de altitude, minha experiência gastronômica diferente se resumiu a um jantar com três tipos de carne: alpaca, vaca e cerdo, acompanhada de molhos variados e um suco de tumbo, uma fruta peruana rica em vitamina C. Lembra um maracujá, mas é menos azeda.
De Arequipa segui para o Vale do Colca um dos maiores Cânions do mundo com até 3400m de profundidade.
Para aguentar a altitude tive que me render ao chá de coca, além de mascar as amargas folhas. Por lá também encontrei balas de coca, mas não senti muita diferença no alívio dos sintomas da altitude. No local de maior altitude da viagem, cheguei a 4920m. A sensação é muito ruim: falta de ar, tontura e dor de cabeça. O chá e as folhas ajudam a amenizar essa sensação ruim.
Em Puno, ou mais especificamente explorando o Lago Titicaca, visitei as Ilhas Flutuantes de Urus e a Ilha de Taquile. Por lá, o almoço local foi uma sopa de quinoa de entrada, e peixe com arroz e batatas. Agricultura, artesanato e a pesca são a base da economia da ilha.
O prato mais diferente que comi por lá, e talvez um dos mais diferentes que já comi, foi o Cuy com papas. O Cuy é uma espécie de porquinho da Índia. Digo que essa foi uma opção diferente porque, até então, eu não imaginava que se criassem esses animais para abate. Na minha cabeça, sempre foram animais para pet. Optei por uma preparação que lembrasse o nosso brasileiríssimo “frango a passarinho”, uma espécie de Cuy a pururuca. O sabor, por sinal é bem parecido com carne de frango.
Por lá também tem Pollo a la brasa, prato muito tradicional, que se parece muito om o nosso frango tradicional frango assado, no entanto ele é feito na brasa de carvão e sua carne é marinada com temperos locais, servido com batatas.
A penúltima cidade que passei, antes de chegar a tão esperada Machu Picchu, foi Cusco, a cidade sagrada dos Incas.
Em Cusco, permiti me perder no mercado de frutas, e fiquei encantada pela variedade de frutas, e outras comidas locais. Experimentei um suco de lucuma (que infelizmente não tive nem tempo que tirar uma foto, porque, certamente, foi um dos mais gostosos que tomei até hoje). A lucuma é um furo pequeno de casca verde escura e polpa amarela. Tem um cheiro e sabor adocicado que lembram muito a baunilha. Por lá, é muito usada para na produção de sorvetes também.
Chegando no hotel em Águas Calientes, foi a vez de brindar uma viagem espetacular com a “caipirinha” dos peruanos. O pisco sour é o drinque mais famoso do país. Ele é feito com o pisco, que é uma água ardente com graduação alcoólica entre 38 e 48, obtida da destilação da uva, mais suco de limão, açúcar e clara de ovo. É um drink bastante refrescante, um pouco azedo e com uma espuma bastante cremosa (pelo uso da clara do ovo).
Posso dizer que esse viagem foi uma das maiores experiências que já tive. Deixei aqui um pouco das questões gastronômicas, mas já adianto que cada cidade que visitei vale um lindo relato para compartilhar com vocês e, quem sabe, também deixa-los com vontade de conhecer esse lindo país.